Dando sequência
ao Ad Hominem Entrevista, conversamos com alguns nomes representativos da mais
recente poesia brasileira. Eles responderam às seguintes questões:
Há
atualmente duas atitudes extremas em relação à poesia brasileira contemporânea:
uma, pessimista e saudosista, considera que a poesia no país perdeu-se à altura
dos anos 1960 e desde então vem lutando, sem sucesso, para reencontrar-se;
outra, normalmente entusiasta das novas poéticas urbano-pós-modernas, crê que a
poesia, como as artes em geral, vai muito bem nesse Brasil do início do século
XXI, afinal de contas os saraus universitários vão de vento em popa.
Qual
sua percepção sobre o estado presente da poesia brasileira? Como você avalia
sua obra dentro do cenário atual? Essa segunda pergunta pretende abranger tanto
suas intenções quanto os resultados concretos que já alcançou com sua poesia.
O
objetivo era que o entrevistado respondesse a uma caricatura, cabendo-lhe
desenhar um cenário mais realista para a poesia brasileira contemporânea.
Felizmente a proposta deu certo e obtivemos excelentes pontos de vista que,
cotejados, nos dão uma boa ideia do que se passa no âmbito de nossos fazedores
de versos.
Com
a palavra, os poetas:
Emmanuel Santiago – São
Lourenço-MG, 1984. Autor de Pavão Bizarro,
ainda inédito.
Com a
internet e a proliferação de editoras de menor porte e revistas especializadas,
a produção poética foi muito pulverizada. Por um lado, o fenômeno é positivo,
pois torna muito mais fácil a divulgação do trabalho, principalmente para
poetas estreantes; por outro, torna mais difícil para os bons poetas colocarem
a cabeça para fora da boiada, destacando-se. Criou-se, no Brasil, uma situação
paradoxal: há uma inflação na oferta de poesia ao mesmo tempo em que houve, de
umas décadas para cá, uma retração da cultura literária entre o público,
daquele background necessário à fruição da literatura mais exigente, o que afeta, sobretudo, a recepção da
poesia. Como consequência, há pouca ou nenhuma possibilidade de um novo poeta
construir seu nome pelo reconhecimento do público, de um público mais amplo e
heterogêneo, que atravessa diferentes grupos sociais, com formações culturais
diversificadas. Ficamos então cada vez mais dependentes de pequenos grupos que,
devido a sua posição no campo literário, são capazes de conceder algum
prestígio. O problema é que tais grupos funcionam geralmente segundo a lógica
da panelinha, em situação de constante concorrência institucional com os
demais, o que significa que um poeta reconhecido em determinado círculo corre o
risco de ser excluído dos círculos concorrentes.
Tendo
em vista tal lógica de funcionamento do campo literário atual, devo reconhecer
que fiz algumas péssimas escolhas quando resolvi levar a sério a poesia. Em
primeiro lugar, cortei uma possibilidade de identificação com um público maior,
em meio ao qual vigora uma concepção da poesia como a expressão exclusiva de
sentimentos e emoções, de conteúdos de natureza irredutivelmente pessoal — a
ideia da poesia como confissão íntima do poeta. Abracei, logo de saída, um
construtivismo eivado de reflexões metalinguísticas, de referências
intertextuais e demonstrações de virtuosismo técnico, que contrariam a noção de
que a poesia deva ser algo espontâneo e natural. Tais características, que
integram o repertório das mencionadas “poéticas urbano-pós-modernas”, não são o
suficiente, entretanto, para me facultar a entrada no círculo dos poetas
antenados, da poesia up-to-date,
devido ao meu flerte descarado (meio irônico, meio a sério) com as poéticas do
final do século XIX, como o simbolismo e o malfadado parnasianismo, detestado
por toda a galerinha que se filia à escola que vai desde nossos primeiros
modernistas — sobretudo Oswald e Mário de Andrade —, passando pelo concretismo,
até chegar aos tropicalistas e poetas marginais. Tenho uma compreensão
artesanal do trabalho poético, que parece estar ultrapassada. Contudo, tampouco
posso ser sumamente vinculado a uma poética tradicionalista, pois incorporo
muitos procedimentos que tiveram sua origem com a experimentação poética levada
a cabo pelos concretistas. Para piorar, minha poesia — que visa, muitas das
vezes, o efeito de choque — assume alguns tons que podem desagradar
sensibilidades mais suscetíveis, apelando constantemente para o erotismo, a
pornografia, o sadismo, o satanismo, a blasfêmia etc. Pelo que pude notar
também, o caráter fortemente virtuosístico de minha poesia tem um potencial de
desagradar a gregos e troianos.
Em
suma, minha poesia se dirige contra um amplo arco de expectativas de recepção,
o que tende a me deixar isolado, de fora das panelinhas, não por uma grande
originalidade de minha parte, mas pelo grande número de dissonâncias que
procurei deliberadamente incorporar ao meu trabalho. Acho que para tal situação
contribuíram tanto um espírito de revolta juvenil quanto uma tendência pessoal
ao individualismo, assim como o fato de minha formação cultural e intelectual
ter se dado fora dos grandes centros nos quais as linhas dominantes da poesia
contemporânea (e aquelas que a elas reagem) se consolidaram. Um misto de
idiossincrasias e condições geográficas, portanto, é em grande parte
responsável pelo não lugar que minha poesia ocupa frente ao panorama atual.
***
Érico
Nogueira – Bragança Paulista-SP, 1979. Autor de O Livro de Scardanelli (2008) e Dois
(2010), ambos pela É Realizações.
Desde logo,
dizer que a poesia brasileira vai bem ou vai mal não implica, creio, subscrever
as posições ou atitudes extremas, como você as descreve. Há uma pletora de
razões possíveis que podem justificar um juízo positivo ou negativo a esse
respeito. No que me toca a mim – e seguindo, nisto, o conselho de Pound, que
propôs e realizou, em poesia, o que chamou de crítica por comparação –, acho
que a poesia brasileira vai bem, obrigado, e isto simplesmente porque leio e
vibro com certos poetas contemporâneos em quem noto enorme competência técnica
aliada a sensibilidade, bom gosto e profundidade de pensamento e emoção: gente
pra quem a poesia, em suma, como bem disse o Drummond, “é toda a minha vida que
joguei”. Quem acha que exagero vá ler o Cláudio Neves e o Marco Catalão, por
exemplo, compare-os com o Murilo ou o Bandeira dos dois ou três primeiros
livros, e tire suas próprias conclusões. Nesse sentido – isto é, partindo da
comparação mais ou menos objetiva de grandezas poéticas mensuráveis, tais como
a perícia técnica, o escopo teórico e teor emocional de um poema –, não temo
dizer que Yacala, de Alberto da Cunha
Melo, é o maior poema-livro que já se escreveu por aqui, seguido de perto por A balada do cárcere, de Bruno Tolentino.
De modo que, pra mim, o auge da poesia brasileira foi o final dos anos noventa,
veja só.
Quanto à minha
poesia, gosto de vê-la na confluência entre João Cabral, Bruno Tolentino e
Haroldo de Campos – mistura explosiva, logo se vê. Do primeiro herdei a
obsessão pelo rigor formal; do segundo, a tendência a filosofar sobre a forma;
– e do terceiro, enfim, a compreensão profunda de que a tradução é uma das
atividades mais nobres e úteis a que um poeta pode se dedicar: e é uma
verdadeira “singing school”, além disso, como diz o Yeats naquele poema.
Finalmente,
sou um poeta classicista e um classicista poeta, à semelhança dos
bibliotecários de Alexandria – coisa que o Pedro Sette-Câmara já disse, aliás,
referindo-se a certa atitude mais ou menos comum a vários poetas brasileiros,
hoje. Não separo a atividade acadêmica, de investigação
de problemas filológicos, da atividade propriamente poética, de tradução de
poesia alheia e invenção da própria. O que aprendi com o mestre e amigo João
Angelo Oliva Neto, pesquisador de ponta e tradutor de escol – o melhor em
atividade, hoje, no Brasil.
***
João
Filho – Bom
Jesus da Lapa-BA, 1975. Autor de Três sibilas
(Ed. Dulcinéia Catadora, 2008) e A
dimensão necessária e Raízes aéreas,
ainda inéditos.
Apesar de geral, tendo a concordar com essa descrição inicial
dos dois extremos. A reinvenção da roda, o vanguardismo a todo custo, é mais
insistente na poesia do que na prosa brasileira. O que denota uma perspectiva
equivocada com o tempo histórico, que, nesse caso, é amputado, quando muito
tratado como objeto e quase nunca como diálogo autêntico, reciprocidade. E falo
de cátedra, pois passei por tudo isso. No entanto, atualmente, há um nicho no
qual certa linhagem poética prospera; são alguns elementos delineadores dessa
linhagem o diálogo consciente com a tradição ocidental, reutilização
inteligente das formas fixas e do verso livre, a verticalidade (mas nem sempre)
do conteúdo, a condição humana trabalhada em termos metafísicos etc.; esses
elementos dialogam com poetas do tipo como Cecília Meireles, Alphonsus de
Guimaraens Filho, Dante Milano, Orides Fontela, Alberto da Cunha Melo, Hilda
Hilst, Bruno Tolentino, para citar alguns. Penso que o que escrevo se inclui
aí. Uma das minhas ambições é o livro-poema, uma unidade perfazendo o conjunto.
E a busca incessante de cruzamentos de ritmos, formas, vozes, construções etc.
Com isso, a tentativa é abarcar o máximo de possibilidades possíveis, por isso
criei heterônimos: o poema-flash assino como Lúcia Delorme; o soneto, como
Fabiano Garcia Meireles; o poema ético-narrativo longo, como Dom Filipe; como
João Filho assino os poemas com maior tendência metafísica. Confesso, porém,
que insatisfação e insegurança soem estar de sentinela. O conteúdo, que para
mim é importante, contempla-se no que disse O. Maria Carpeaux citando I. A.
Richards, que por sua vez citava o Chung Yung, livro clássico chinês “o
isolamento do homem no universo, a pavorosa incompreensibilidade de nascimento
e morte, a imensidade do espaço e o lugar do homem no tempo, e a nossa infinita
ignorância humana que nos impõe a humildade.”
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Marco Catalão – Campinas-SP,
1974. Autor de Palimpsestos (2008), O Cânone Acidental (É Realizações,
2010), Sob a face neutra (Funarte,
2012).
Minha percepção sobre a poesia brasileira contemporânea é
lacunar e arbitrária. Depois de ter me interessado sinceramente por dezenas de
supostos gênios anunciados pelos cadernos culturais ― e de ter me decepcionado
repetidamente com cada um deles ― fui ficando escaldado, e hoje não leio mais
do que dois ou três por ano. Mas não sou saudosista a ponto de imaginar que
tenha havido uma “época de ouro” da poesia brasileira. Hoje, como sempre, basta
um pouco de paciência para encontrar um ou outro bom poema em meio a centenas
de poemas medianos e milhares de poemas medíocres. Difícil mesmo, terrivelmente
difícil, é descobrir um livro memorável, e mesmo na primeira metade do século
XX não encontramos mais do que meia dúzia de livros de poesia realmente
memoráveis. Onde estaria o Claro enigma ou o Libertinagem da última década?
Ainda não os encontrei, mas isso não significa que eles não existam...
Com relação à segunda pergunta, eu me vejo como uma daquelas tartaruguinhas que acabaram de sair dos seus ovos e se arrastam desajeitadas em direção ao mar. Olho para um lado e vejo o poeta Érico Nogueira se lançando numa direção; olho para o outro e observo que o poeta Ricardo Domeneck segue no sentido oposto; à minha direita, o poeta João Filho tenta um caminho alternativo; à esquerda, o poeta Caio Gagliardi aponta uma quarta via... E esses são só os mais próximos numa multidão de tartaruguinhas. Sei que a maior parte de nós sequer vai conseguir chegar ao mar e vai cozinhar na areia escaldante. Mesmo entre as que escaparem do sol e da areia, a maioria vai ser engolida na água rasa pelos peixes que há muito tempo esperam com a boca aberta. O que eu posso fazer, a não ser me lançar na direção a que o meu instinto e a minha precária razão me impelem? Para mim, escrever poesia é isso: uma aposta cega e absurda, sem qualquer garantia de êxito.
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Mariana Ianelli – São
Paulo-SP, 1979. Autora de Trajetória de
antes (1999),
Duas
chagas (2001), Passagens (2003), Fazer silêncio
(2005), Almádena (2007), Treva
alvorada (2010) e O amor e
depois (2012), todos pela Ed. Iluminuras.
O que vejo é, de um lado, uma poesia mais suspicaz e, de
outro, uma poesia que ainda acredita no inefável. Não são incomunicáveis, pelo
menos, certas expressões poéticas, quando produzem menos admiração que
desconfiança, abrem grandes espaços vazios onde fica visível o desafio de ainda
ser capaz de comover, de vincular, de saber ler a realidade na sua dimensão
simbólica. Poesia e espírito crítico hoje vêm juntos e inspiração é um termo
que acabou degenerado por más interpretações, mas a poesia que me importa
dentro desse panorama é a que não se esgota em justificações teóricas ou
literárias por mais consciencioso que seja o trabalho do poeta, uma poesia que
inclui mistério, sutileza, comoção, que se coloca no lugar da paciência e do
silêncio, não competindo com uma época que promove seu contrário, uma poesia,
portanto, otimista num sentido menos aparente e nada imediato.
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Paulo Henriques Britto – Rio de
Janeiro-RJ, 1951. Autor de Liturgia da matéria (Civilização Brasileira, 1982), Mínima lírica
(Livraria Duas Cidades, 1989), Trovar claro (Companhia das Letras,
1997) e Macau (Companhia das Letras, 2003).
O
negativismo em relação à poesia atual normalmente tem uma de duas causas.
Uma, comum
em todas as épocas, é o que podemos chamar de falha de perspectiva. O crítico
olha para trás, e vê no passado Bandeira, Drummond, Jorge de Lima, Murilo
Mendes, João Cabral; aí olha a sua volta, não vê nada comparável e diz: estamos
na decadência. Quando a gente lê sobre a história de uma arte, seja a poesia ou
a música ou qualquer outra, volta e meia encontra esse sentimento. Não tenho
dúvida que mais de um contemporâneo de Leonardo e Michelangelo, contemplando a
arte da Grécia, exprimiu sentimentos semelhantes, sem imaginar que as gerações
seguintes viriam aquele momento que ele próprio estava vivendo como um dos
maiores na história da arte ocidental. A falha de perspectiva tem dois
aspectos: (a) Contrastar “o passado” com “o presente” é injusto, porque “o
passado” é, por definição, muito mais extenso que “o presente”. Bandeira,
Drummond e Cabral pertencem a três gerações diferentes; o período em que
Bandeira estava no auge não é o mesmo em que Cabral publicava suas obras
definitivas. Sem dúvida, há períodos em que há mais grandes artistas atuando do
que em outros, mas (b) é sempre mais difícil julgar o presente do que julgar o
passado; o que está próximo demais não pode ser visto com nitidez. É só do
ponto de vista de agora que podemos avaliar, por exemplo, a década de 1950 como
um período de extraordinária criatividade para a poesia brasileira. Para quem
estava vivo e acompanhando a poesia na época, o quadro ainda não estava tão
claro; muitas vezes só se faz justiça à grandeza de uma obra com um certo distanciamento
no tempo. É só daqui a vinte anos que vamos poder ter uma visão distanciada do
momento atual.
A outra
causa do negativismo é um problema especificamente brasileiro — ou, talvez, de
nações que, como o Brasil, acabam de sair de um longo período de construção
nacional. Podemos dizer que mais ou menos entre o romantismo e a tropicália, um
período de pouco mais de um século, a questão do que significava ser brasileiro
era a que mais preocupava os artistas e intelectuais. Era importante afirmar-se
brasileiro — num primeiro momento, em oposição a Portugal; depois, em oposição
à França; e por fim, já chegando ao meu próprio período de formação (anos 60),
em oposição aos Estados Unidos. A tropicália foi, sobre esse aspecto, a última
das vanguardas e uma antivanguarda; ao contrário das vanguardas propriamente
ditas, que se definiam por negatividade — os naturalistas negando os
românticos, os modernistas de 22 negando o parnasianismo, o concretismo negando
a geração de 45, o poema-práxis atacando os concretos — a tropicália se definiu
justamente pela inclusividade: João Gilberto e Roberto Carlos, baião e rock,
Batman e macumba. Os tropicalistas, em última análise, estavam afirmando: o
Brasil, enquanto nação, está construído, e é um construto sólido o bastante
para não precisar mais temer o estrangeiro; também a arte sofisticada não
precisa amaldiçoar a arte de consumo, porém pode utilizá-la como matéria prima.
Mas alguns críticos, da minha geração ou um pouco mais velhos, até hoje
continuam mentalmente no período pré-tropicalista. Para eles, a poesia tem que
ser, como dizia Mário de Andrade, uma arte “interessada”, contribuindo para a
construção do Brasil, criticando o capitalismo, afirmando valores genuinamente
nacionais etc. — ou então, ainda dentro da lógica da vanguarda, realizando
experiências formais radicais, dando mais “um passo à frente” em relação aos
últimos movimentos e afirmando a posição do Brasil como nação “moderna”. Para
esses críticos, tanto os da vertente engajada quando os da vanguardista, uma
poesia que não esteja interessada na questão nacional, ou que não seja o dernier
cri em matéria de experimentação, não tem nenhum valor. Eles não
conseguem entender por que motivo os poetas do século XXI não são mais como os
poetas da primeira metade do século XX, porque jamais conseguiram sair da
primeira metade do século XX.
A meu ver, a
poesia [brasileira] vai bem. Há muitos poetas em atividade, o que me parece
algo positivo: quanto mais praticantes de uma arte, maior a possibilidade de
que ao menos uns poucos entre eles venham a se tornar grandes artistas. Dos
poetas de agora, uns me parecem melhores, outros mais fracos; como todo mundo,
tenho minhas preferências, meus critérios de avaliação; mas o fato de eu estar
imerso no presente me nega aquele distanciamento que me parece fundamental para
uma avaliação mais certeira. Creio que daqui a uma ou duas décadas grande parte
da poesia produzida agora vai se revelar efêmera, e uma outra parte —
necessariamente menor — vai perdurar. Não posso ter certeza de que os poetas
que me parecem os mais fortes agora sejam os que vão ficar; é bem possível que
algum poeta que eu nem conheça, que tenha publicado um ou dois livros mal
distribuídos, ou que ainda nem tenha saído em livro, venha no futuro a ser
reconhecido como o principal nome do nosso tempo. Quem viver verá.
Se já é
difícil avaliar a poesia dos contemporâneos, avaliar a poesia que se produz,
então, é dificílimo. Deixo essa avaliação para os outros. Não sou um
vanguardista; não escrevo com intenções de atingir tais e tais resultados
concretos. Escrevo os poemas que consigo escrever.