Caros leitores, tenho a satisfação de divulgar para vocês o lançamento de meu primeiro livro de poesia, Pavão bizarro, que ocorrerá no próximo dia 14 (de junho) no bar Canto Madalena, localizado na Rua Medeiros de Albuquerque, nº 471, Jardim das Bandeiras - São Paulo/SP. Estarei lá, a partir das 19h00, rabiscando algumas dedicatórias.
Quem não puder comparecer e ainda assim quiser adquirir o livro, por conta e risco próprios, há como fazê-lo pelo site da Editora Patuá (clicando aqui). Devo alertar que o conteúdo de alguns poemas (poucos deles) talvez aborreça alguns cristãos de maior suscetibilidade. Quem quiser se informar melhor, leia a entrevista publicada no Ad Hominem; e o prefácio, escrito por Fábio César Alves, professor de Literatura Brasileira da USP, pode ser lido aqui.
Como aperitivo, aqui vão dois poemas de Pavão bizarro:
Soneto branco
Queria
meu soneto da cor branca,
todo
branco, que nunca fosse negro,
pois
o negro é profundo, cheio de ecos
e
coisas das quais só se sente o cheiro.
O
branco, não. O branco é superfície
e
silêncio, o suspense de um relâmpago
retido
na espessura de um espelho;
branco
é a cor das coisas sem conceito.
Não
o branco solúvel, cor de gelo,
nem
o branco volátil, cor de espuma,
nem
o branco dourado do ouro branco;
quero
um branco absoluto, branco abstrato,
o
mais puro, o mais claro — mas sem brilho:
quadrado
branco sobre fundo branco.
***
Furor parnasiano
Eu
sou a Musa Impassível,
a
Virgem de amianto,
impermeável
ao sôfrego
fogo
de tuas entranhas.
De
meus seios, jorram
cascatas
de mármore,
arquiteturas,
estátuas
de
antigos deuses
mutilados,
mas
nenhuma
gota
que
aplaque a súplica
de
teus lábios ávidos.
Contra
um cinto de castidade
forjado
no bronze, a frio,
teus
dedos se debatem
em
meu corpo seminu;
é
inútil. Trouxeste
a
chave (de ouro)?
Eu,
a Musa Impassível,
estéril
e etérea, um frígido
Moloch;
em minhas coxas,
o
poema é um coito sem gozo.
***