Vovô morreu calmo, era noite e dormia
Em paz com a vida e de bem com os seus
Flutuou sem medo e sem agonia
Do sono dos justos ao colo de Deus
Meu tio em seu carro, acidente de estrada
Morreu maldizendo a Deus e o mundo
A carne era dor nas chamas assada
A alma lançada no abismo profundo
Seria obra-prima do acaso ou em parte
Discreta justiça do último instante?
Meu tio blasfemava asfixiado de morte
Vovô cochilava sereno ao volante