I
Escrevi recentemente um artigo
sobre Dostoiévski onde avalio a relação deste com a noção de Ocidente e a
cultura ocidental. O artigo foi lido por Joel Pinheiro e Julio Lemos e
desagradou a ambos pelo que seria um excessivo tom “olavista-voegelinista”.
(Nota: Não conversei com Julio Lemos sobre o assunto; sua apreciação me foi
brevemente transmitida por Joel Pinheiro. Já com este último venho discutindo
abundantemente todas as questões em torno do malfadado artigo, de modo que boa
parte do que direi nesse texto não lhe será novidade. No entanto, creio que a
grande maioria das pessoas tem sobre Dostoiévski a mesma impressão truncada que
verifiquei ser a do Joel. Este texto é uma tentativa de desfazer parte desses
nós e de quebra pegar o gancho da discussão mais interessante que a internet
viu nos últimos tempos: aquela em que Olavo de Carvalho respondeu às indiretas
de Julio Lemos.)
No que pese a crítica razoável de
que meu artigo deveria citar menos comentadores (notadamente, Ellis Sandoz,
discípulo de Eric Voegelin) e mais o próprio Dostoiévski, é notório que o
problema de Joel Pinheiro é principalmente com a linha interpretativa que eu
sigo no artigo, tomada, sim, a Sandoz-Voegelin, uma vez que desconheço fonte
teórica mais acertada para interpretar o Dostoiévski político (e acrescento que
Dostoiévski é o objeto da minha pesquisa de mestrado; há pelo menos três anos
não faço outra coisa senão ler interpretações de sua obra). Mas faço o mea culpa
que me cabe: o leitor não-especializado, que não leu as mil e quinhentas páginas
de textos jornalísticos de Dostoiévski, tampouco suas cartas e cadernos de
notas, além, evidentemente, de sua obra literária, não tem obrigação de saber
que o ideólogo por trás de obras enigmáticas como Os Irmãos Karamázov e Crime e
Castigo identificou pioneiramente o fenômeno a que Eric Voegelin chamou
“gnose moderna”. Eu deveria, portanto, ter escrito algo como um preâmbulo
justificando a pertinência de minhas fontes teóricas. Concedido isto, sigamos
adiante.
Joel Pinheiro declara que, ao
invés do meu artigo, gostaria de ler
um ensaio sobre Dostoiévski, e não apenas sobre o
"processo político/espiritual gnóstico da modernidade que foi
profundamente percebido por Dostoiévski quando ele se defrontou, despido de
todas as ideologias, com o problema do nada na alma russa, e como sua crítica
vislumbrou os males do séc. XX e de nossa sociedade à beira do
apocalipse".
E
diz ainda que Ellis Sandoz, ao interpretar a Lenda do Grande Inquisidor à luz da teoria histórica voegeliniana,
não está falando de Dostoiévski, mas usando o russo para “fazer política”. O
que me faz inevitavelmente exclamar de mim para mim: que raios o Joel pensa ser
o conteúdo e o sentido último da obra dostoievskiana?! Subtraia-se a
Dostoiévski o sentido do “processo político/espiritual gnóstico da modernidade”
e tem-se perfeitamente um corpo sem forma, um significante sem significado. O
que não falta são leituras de Dostoiévski politicamente neutras como a desejada
pelo Joel, mas eu continuo achando muito mais válido ler um autor pela chave
que ele, com todas as letras, declarou ser a sua, e desse modo desdobrar os
conteúdos ali implícitos, dando continuidade àquilo que o próprio autor se
comprometeu com dizer. No caso de um escritor
prolixo como Dostoiévski, esse tipo de crítica é mais do que bem-vindo; mostrar
quem é o Dostoiévski de carne e osso sob a parafernália polifônica alardeada
pela leitura formalista de Mikhail Bakhtin é o melhor que se pode fazer, nos
dias de hoje, pela memória de um autor com os pés tão fincados no real e muito
pouco interessado em formalismos e abstrações.
Mas, com efeito, é bastante
compreensível que um leitor não-especializado não dê pela importância disso,
pois desconhece o projeto literário-político-filosófico do mentor de Os Demônios. Eis algo de que só me dei
conta quando da discussão em torno do meu artigo: a grande maioria das pessoas
não faz a mínima ideia de quem tenha sido o ideólogo Dostoiévski. Isto se deve,
é claro, à dicção literária do romancista russo, que, tendo intenções
filosóficas e não raro políticas muito bem definidas para cada uma de suas
obras (e isto se verifica de modo muito claro em seus textos não-literários),
não consegue senão retratar a realidade de forma polissêmica, dando um
equivalente literário ao caos das coisas elas-mesmas. Donde resulta seu
recrutamento pelos grupos ideológicos mais díspares, de socialistas a
aristocratas wannabe.
É um fato atualíssimo: todos amam
Dostoiévski. O autor russo que viveu administrando pedradas e cusparadas e
aplausos os mais efusivos chegou, enfim, a ser plenamente adorado. Mas isto tem
seu custo: diferentemente dos leitores de hoje, seus contemporâneos o
conheciam, liam-no tanto em seus romances como – e talvez até mais – nos textos
jornalísticos em torno dos quais ele construiu sua persona intelectual. E, assim, na Rússia do século XIX não era possível macaquear Dostoiévski: quem fosse
partidário do velho Fiódor Mikháilovitch trazia necessariamente a si o estigma
de suas opiniões tão controversas. Já seus leitores de hoje não o levam às
últimas consequências e elogiam-no cada qual na medida de suas conveniências e
interesses – seja pelo simples fato de ser um autor canônico, e assim não lê-lo
é de uma deselegância inaceitável, seja por ele retratar o caos da alma humana,
pelo que serve à causa-mor da contemporaneidade desnorteada – a implosão das
ordens tradicionais.
Mas quem era, em verdade, esse
Fiódor Dostoiévski? Pudesse ele avaliar seus leitores de hoje e o mundo de
hoje, o que diria? Mais interessante ainda: se alguns de seus entusiastas
atuais vivessem na época que o viu nascer, seriam ainda entusiastas, ou quem
sabe engrossariam o time de seus detratores? Ainda uma última elucubração: se tivéssemos nos dias de hoje um intelectual com
ideias semelhantes às de Dostoiévski e eloquência parelha à do autor russo,
como seria sua recepção pelos nossos críticos e tão bem penteados homens de
letras?
II
"Há uma grande tristeza em não se ver o
bem no bem."
- Atribuído a Gógol por Lúcio Cardoso
Um paralelo entre Dostoiévski e
Olavo de Carvalho é inevitável quando se leem os escritos jornalísticos de um e
de outro. Não apenas suas preocupações político-culturais vão no mesmo sentido,
como seus papéis sociais, na Rússia do século XIX e no Brasil do século XXI,
respectivamente, são curiosamente semelhantes. Ambos partem de uma experiência
pessoal, de um corpo a corpo com o movimento revolucionário de esquerda:
Dostoiévski passou quatro anos em uma prisão na Sibéria por ter feito parte de
um grupo simpatizante das ideias socialistas (o chamado círculo de Petrachévski);
Olavo foi militante do Partido Comunista Brasileiro. Se a vida madura de ambos
é marcada pelo combate à mentalidade revolucionária (termo olavético que –
salvo engano meu – se aplica perfeitamente à realidade psicossocial de que
tratava Dostoiévski, assim como a gnose
de Voegelin), isto certamente deve remeter-se a terem visto de perto o olho do
furacão. Diz Dostoiévski:
Todas essas convicções quanto à imoralidade das próprias
fundações (cristãs) da sociedade contemporânea e à imoralidade da religião, da família,
do direito à propriedade privada, e assim por diante – tudo isso eram
influências a que éramos incapazes de resistir e as quais, de fato, capturaram
nossos corações e mentes em nome de algo muito nobre. (...) Aqueles entre nós –
isto é, não só os do círculo de Petrachévski, mas em geral todos os infectados e que no entanto mais tarde
rejeitaram completamente toda essa escuridão e terror que se preparava para a
humanidade supostamente para regenerá-la e restaurar-lhe a vida – nós àquela
época ainda não conhecíamos as causas de nossa doença e portanto ainda éramos
incapazes de lutar contra ela. E por que, então, os senhores supõem que mesmo
um assassinato à la Nietcháiev nos teria parado – não todos nós, é claro, mas
ao menos alguns de nós – naqueles tempos frenéticos, tomados por doutrinas que
nos haviam capturado as almas, em meio aos devastadores eventos na Europa de
então – eventos que nós, negligenciando nosso próprio país, seguíamos com
angústia febril?
(In: Diário de
Um Escritor, “Uma das falsidades de hoje”, 1873. Nietcháiev foi o mentor do
evento que inspirou o romance “Os Demônios”, em que um jovem foi morto ao
tentar desligar-se de uma célula revolucionária.)
O relato de Olavo sobre sua experiência comunista complementa muito
naturalmente o de Dostoiévski:
Levei
décadas para compreender que a sedução esquerdista não me conquistou – nem a
mim nem a meus companheiros de geração – pelo conteúdo ativo da sua proposta
ideológica, que só conhecíamos muito superficialmente, mas sim pela oferta implícita
de um novo código de moralidade, que chegava a nós sem palavras, pela
impregnação difusa na convivência diária. (...) Libertávamo-nos da “moral
burguesa” escravizando-nos à autoridade irracional de um círculo de
“companheiros”, cuja afeição se tornava o único fiador da salvação da nossa
alma ante o tribunal da História. O apego ao grupo era fortalecido pelo ódio a
inimigos que não conhecíamos, dos quais nada sabíamos, mas de quem imaginávamos
com facilidade as piores coisas, deleitando-nos então de pertencer à comunidade
dos bons. (...) Considerando-se a extensão e a gravidade dos crimes praticados
pelo comunismo contra a espécie humana, o dever mais óbvio daqueles que se
desiludem com ele é aprofundar a ruptura, investigando dentro de si até extirpar
as últimas raízes do erro monstruoso em que se acumpliciaram. (In: http://www.olavodecarvalho.org/semana/080731jb.html)
Dostoiévski, como Olavo, saiu da experiência socialista disposto a
dedicar sua vida a combater o movimento revolucionário. Isto se verifica com
clareza em seus romances, mas é também um dos principais motivos de seus
artigos jornalísticos. Tal combate, no entanto, toma a forma de uma crítica
social ampla, buscando nos fatos correntes do cotidiano de seu país os indícios
de que a mentalidade revolucionária se alastrava, o que o obrigava a insistir terminantemente
– os moderninhos enojados diriam “histericamente” – nas terríveis consequências
que adviriam da tomada do poder pelos autoproclamados “novos homens”. Eu me
sinto segura o bastante para afirmar que Dostoiévski de bom grado teria aberto
mão de toda sua obra literária por um único artigo que tivesse sido eficaz no
combate às ideias revolucionárias em seu país. Essa era sua “tarefa cívica”,
sua justificada obsessão. E não poderia ser de outro modo.
Não poderia ser de outro modo porque não há nada mais importante na
história da cultura russa do século XIX do que o advento do pensamento
socialista. Qualquer homem minimamente inteligente, interessado por cultura e
que vivesse naquele tempo percebê-lo-ia. Em se tratando não apenas de um homem
minimamente inteligente, mas de uma potência criativa como Dostoiévski, era
inevitável que ele se voltasse à maior das questões de seu tempo, uma vez que
tinha diante de si a gestação de uma ideia com o potencial destrutivo de uma
bomba atômica – de efeitos materiais mas sobretudo morais. Repito: vivendo
quando e onde viveu, e tendo o alcance intelectual que tinha, Dostoiévski não poderia
senão ocupar-se da maior questão de seu tempo: é o que fazem os grandes homens.
Mas o Brasil do início do século XXI não é nenhuma Rússia
pré-revolucionária, dirão. Não, não é; o Brasil contemporâneo é, sim, um país
em plena revolução, e nós, que aqui vivemos hoje, presenciamos a cada dia o
avanço da onda que há aproximadamente duas gerações vem desfigurando nossa
sociedade civil e esterilizando nossa cultura. É muito difícil perceber isso, e
seria praticamente impossível sem os esforços de Olavo de Carvalho. Ele é nosso
Dostoiévski, e não lhe faltam no Brasil atual detratores como os teve
Dostoiévski. Também o russo teve de viver sob acusações de loucura e
conspiracionismo; também ele não se amedrontou e manteve até o fim sua
convicção de que alguma coisa gigantesca estava sendo gestada na Rússia oitocentista
e que em breve o mundo o testemunharia.
E é assim que, sempre que leio um Julio Lemos fazer pouco de Olavo de
Carvalho porque este suja demais as mãos no excremento dos fatos do dia,
respiro fundo e penso em Dostoiévski, e me consola a certeza de que a injustiça
do momento será paga com a justiça da História. Não tenho dúvidas de que,
estivesse Dostoiévski vivo e tivesse a peculiar sorte de nascer brasileiro, ele
estaria precisamente denunciando o Foro de São Paulo e as falcatruas do PT –
ele estaria, de modo geral, chafurdando naquilo que reconhecesse como o mal no mundo. Se tem coisa que eu não
entendo é esse nariz empinado de quem diz “vocês são uns suburbanos denunciando
o mal no mundo!”. Ora, eu me pergunto, se um sujeito com veleidades de ser um
“homem de ideias” não ocupa seu pensamento com a busca pelas metamorfoses do
mal em seu tempo (e identificar o mal é inerente a delinear a verdade), faz o
quê? Julio Lemos aparentemente já fez de tudo, já passou por todos os processos
em que agora se debatem os olavetes suburbanos, que, ingênuos, creem ter
descoberto a pólvora quando ele próprio, o Buda da internet, agora estuda as
ciências naturais porque já colheu todos os frutos da metafísica.
[O]s filhos dos homens não têm o direito de dar as costas a nada que aconteça sobre a
terra; não, segundo os princípios morais mais elevados, eles não têm.
Peculiarmente cômico é quando ele [Turguêniev] de fato dá as costas, assim evitando assistir à execução. “Vejam, senhores,
que refinada educação é a minha! Eu não pude suportar uma tal cena!” O tempo
todo, ele se trai. A impressão mais definitiva que se tem do artigo de modo
geral é que ele está desesperadamente preocupado consigo próprio e sua paz de
espírito, mesmo quando se trata de cabeças sendo decepadas.
Does it ring a bell, leitor? Temos ou não temos entre nós vários filhotes de Turguêniev? Mais
engraçado ainda é ver como Dostoiévski, antecipando os sofrimentos de Olavo de
Carvalho, tinha de justificar o tempo todo sua escolha pelos temas do dia, os
mais provincianos possíveis (no sentido que “província” tem no supracitado
texto de Robson). A partir de 1873 ele passa a publicar o Diário de Um Escritor, periódico em que comentava os principais
assuntos do momento e respondia a cartas – espécie, digamos assim, de True
Outspeak por escrito –, sobre o qual escreve a uma conhecida:
A senhora escreve que eu estou desperdiçando meus
talentos com bagatelas no Diário. Não
é a primeira pessoa de quem escuto isto. Portanto quero agora dizer à senhora e
aos outros: eu cheguei à conclusão de que um artista deve estar a par, até o
mais mínimo detalhe, não apenas da técnica da escrita, mas de tudo – tanto
eventos atuais quanto históricos – relativo à realidade a qual ele deseja retratar.
(...) Eu devo dedicar-me especialmente a certas peculiaridades do momento
presente. E neste presente momento a geração mais jovem me interessa
particularmente e, relativa a ela, a questão da vida em família russa, a qual,
em meu entendimento, é bastante diversa hoje do que era vinte anos atrás. Também
várias outras questões do momento interessam-me.
Veja bem, leitor: nada disto quer dizer que é obrigatório ao
intelectual tomar para si o trabalho de escrutínio do presente de que se ocupam
Dostoiévski e Olavo de Carvalho. Quer dizer, as pessoas têm vocações e
desígnios diferentes. Felizes seremos todos se Julio Lemos se tornar um grande
lógico ou matemático; eu mesma não quero fazer outra coisa senão escrever
poesia, assim como alguns serão críticos literários e outros engenheiros, e desse
modo nem todos combaterão de frente o projeto diabólico da mentalidade
revolucionária – mas daí a desdenhar de
quem o faz é necessário um grande salto de desonestidade. Não se trata de
ignorância, pois Julio Lemos sabe que
Olavo de Carvalho se ocupa de coisas importantes, assim como sabe que o olavete de Facebook não
representa os verdadeiros discípulos do Olavo – entre os quais não me incluo,
pois diante de Ronald Robson e Rafael Falcón sou meramente uma pessoa que gosta
de poesia.
Quem julgar que este texto é de um nauseante baixo nível, por tratar “de
pessoas e não de ideias”, vá lamber sabão. Devíamos estar todos fartos de viver
de aparências. Os debates no Brasil são essa coisa inócua porque instituiu-se que não se pode proferir palavra sem antes embrulhá-la com o papel de seda do bom
mocismo.
Agora, voltando a Dostoiévski, faço uma última pergunta: alguém aí, que
não seja especialista em cultura russa do século XIX, já ouviu falar em
Dobroliúbov, Granóvski, Píssariev, Vladímir Zotóv? Dou um dente a cada pessoa
que disser que sim. E então façam as contas e descubram quem chegará à
posteridade, se Olavo de Carvalho ou as miniaturas de aristocratas que, na falta
de coisa melhor, lhe fazem as vezes de críticos.
***
P.S.: Por falta de espaço, não pude comentar, como planejara, outros
trechos de cartas de Dostoiévski muito interessantes ao paralelo do russo com
Olavo de Carvalho. Mas postarei esses trechos em apêndice no primeiro
comentário desse post, apenas para curiosidade e deleite do leitor.
“Its idea is the presentation of extreme blasphemy
and of the seeds of the idea of destruction at present in Russia among the
young generation that has torn itself away from reality. Ivan’s convictions
form what I consider the synthesis of contemporary Russian anarchism. The
denial not of God, but of his creation. The whole of socialism sprang up and
started with the denial of the meaning of historical actuality, it arrived at
the program of destruction and anarchism. The principal anarchists were, in
many cases, sincerely convinced men.” (…)
“The modern denier, the
most vehement one, straightway supports the advice of the devil and asserts
that that is a surer way of bringing happiness to mankind than Christ is. For
our Russian socialism, stupid, but terrible (for the young are with it) – there
is a warning [in the Legend], and I think a forcible one. Greed, the Tower of
Babel (i.e. the future kingdom of socialism), and the completest overthrow of conscience
– that is what the desperate denier and atheist arrives at. The difference only
being that our socialists (and they are not only the underground nihilists) are
conscious Jesuits and liars, who will not confess that their idea is the idea
of the violation of man’s conscience and of the reduction of mankind to the
level of a herd of cattle.” (…)
“The West has become blinded and has lost Christ.
The course of the whole misfortune in Europe, everything, everything,
everything without exception, has been that she gained the Church of Rome and
lost Christ, and then decided that they could do without Christ.”